Um jovem, identificado como João Victor Dias Braga, de 22 anos, foi morto em um tiroteio na tarde desta terça-feira enquanto saía para trabalhar na comunidade Santa Maria, na Taquara, Zona Oeste do Rio. De acordo com familiares, ele estava com uma furadeira na mão que pode ter sido confundida com uma arma. Na tarde de ontem, homens do 18º BPM (Jacarepaguá) fizeram operação na região para coibir a ação de suspeitos de tráfico.
João Victor morava com a namorada, Júlia Batista de 22 anos e com a família da jovem. De acordo com o sogro da vítima, Leonardo Santos, de 40 anos, o tiroteio na comunidade começou logo após o rapaz sair de casa: "Almoçou, tomou banho, pegou as coisas dele pra sair pra trabalhar e começou o tiroteio", afirmou Leonardo. Segundo ele, o jovem trabalhava como DJ e com montagem de andaimes em uma equipe de som.
Leonardo contou ainda que descobriu sobre a morte do genro por notícias na internet. "Nós vimos que ele havia entrado em óbito no Hospital Lourenço Jorge, ele chegou lá como criminoso," disse. "Ele foi envolvido em uma situação que ele não é. A polícia faz o trabalho dela e a gente que é morador não se envolve, mas com isso tem que saber quem é morador e quem é bandido", desabafa. João Victor foi descrito pelos parentes como um menino calmo e querido onde vivia.
Júlia Batista, namorada do rapaz, diz que eles namoravam há cerca de um ano: "João era um menino muito tranquilo, sempre morou em comunidade e nunca usou drogas, nunca iria se envolver em nenhum tipo de facção", conta. "Isso foi uma mal entendido, um morador saindo pra trabalhar", disse. A família mora em Santa Maria há um ano e seis meses. Antes de morar com a namorada, João Victor morava no bairro da Penha, na Zona Norte. Ainda não há informações sobre a data e local de sepultamento dele. Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde informou que "três corpos sem identificação" foram encaminhados Hospital Municipal Lourenço Jorge e, em seguida, ao Instituto Médico Legal (IML).
De acordo com a PM, criminosos armados atacaram os militares e houve confronto na comunidade Santa Maria. "Ao cessarem os disparos, três criminosos foram encontrados feridos com duas pistolas cal .40, uma pistola cal. 38 e drogas. Os feridos foram socorridos para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca", diz a nota da corporação.
Caso pode ter paralelo
O caso de João Victor pode ter um paralelo trágico. Em 2010, um policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope), matou um morador do morro do Morro do Andaraí, na Zona Norte, ao confundir uma furadeira com uma arma. A família da vítima chegou a dizer que o militar atirou sem avisar, já a corporação informou que o cabo que atirou contra o morador deu um grito de aviso e a vítima fez um movimento brusco. O PM foi absolvido em 2012.
Em setembro de 2018, policiais do Bope atiraram contra um garçom, na comunidade Chapéu Mangueira, na Zona Sul. A vítima estava com um guarda-chuva que, segundo a polícia, foi confundido com um fuzil. Rodrigo Alexandre da Silva Serrano esperava a mulher e o filho quando foi atingido por três tiros. A polícia, no entanto, deu outra versão. Segundo a corporação, os policiais haviam sido alertados de criminosos na região e houve confronto.
Em nota, a Delegacia de Homicídios(DH-Capital) informou que "foi instaurado um inquérito policial para apurar as circunstâncias da morte. As investigações estão em andamento e diligências sendo realizadas".
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